Crime Box

Os estudos apresentados pertencem ao projecto que estou a desenvolver à convite do Tó Zé, para a ilustração de um conto.

Nesta altura estou a definir qual o caminho a seguir após ter escolhido as técnicas que vou usar.

A edição é de 20 exemplares (gravura e a serigrafia).

Numa primeira perspectiva estará presente uma análise directa à narrativa sem preocupações narratológicas, sendo a gravura o seu suporte.

Numa segunda perspectiva atenderei a uma reflexão mais profunda do conto, tentarei penetrar no seu âmago, através da serigrafia.

Iniciei este projecto no atelier da Mestre Joana Paradinha que muito gentilmente me ensinou a trabalhar a gravura. Nesta minha pequena experiência limitei-me riscar com a ponta seca sobre o verniz, antes de o levar ao ácido.

Os ruídos existentes na folha são propositados para enquadrar a ilustração.

Para quem tiver curiosidade aqui está o conto:

"Pareciamos sardinhas enlatadas e aquele homem era um porco.

Cheirava mal. Tudo nele cheirava mal, mas sobretudo os pés.

Asseguro-lhe que era insuportável.

Ainda por cima, o colarinho da camisa estava negro e a nuca, imunda.

E olhava para mim. Uma coisa repugnante.

Tive de mudar de lugar. Pois bem, acreditem ou não, o tipo seguiu-me.

Era o fedor do Diabo e parecia-me ver saírem bichos da sua boca.

Talvez o tenha empurrado com demasiada força.

Mas não me digam que foi por minha causa que as rodas do camião lhe passaram por cima."